A Trilogia Grisha foi uma daquelas leituras que comecei sem grandes expectativas, e no fim, passei por todas as emoções possíveis: empolgação, raiva, amor, frustração e até uma pontinha de indignação.
Leigh Bardugo constrói um mundo fascinante, cheio de magia e intriga, mas… também cheio de escolhas que fazem a gente querer fechar o livro e respirar fundo por uns minutos.
🌒 Sombra e Ossos — o começo promissor
O primeiro livro me conquistou logo de cara.
O universo Grisha é uma das criações mais interessantes da fantasia jovem: um império dividido, uma guerra constante e uma magia que nasce das próprias leis da natureza.
Alina Starkov, uma cartógrafa comum que descobre ter um poder lendário, é uma protagonista fácil de torcer no início — ingênua, mas curiosa, e o tipo de heroína que a gente quer ver evoluir.
E claro, temos o Darkling — o homem sombrio, poderoso e misterioso que, convenhamos, é impossível não se interessar.
No começo, ele parece complexo, até quase redimível.
E por um breve momento, a gente realmente acredita que ele poderia ser mais do que o vilão da história.
Mas aí… tem o Mal (Malyen Oretsev).
E olha, eu tentei.
De verdade.
Mas desde o início ele me irritava: ciumento, chato e sem carisma — o tipo de personagem que parece existir só pra atrapalhar o enredo.
Enquanto o Darkling tinha profundidade e presença, Mal parecia estar ali porque alguém precisava ser o par “seguro”.
Mesmo assim, Sombra e Ossos me prendeu. O ritmo é bom, o mundo é mágico e o final deixa aquele gostinho de “preciso saber o que vem depois”.
🌕 Sol e Tormenta — quando tudo fica mais interessante
O segundo livro foi, pra mim, o auge da trilogia.
A trama cresce, o mundo se expande, e os novos personagens — principalmente o Príncipe Nikolai Lantsov — roubam a cena completamente.
Ele é carismático, inteligente e o tipo de personagem que traz luz mesmo quando o resto do mundo está desmoronando.
O Darkling continua sendo uma figura magnética, quase trágica.
Você sabe que ele está errado, mas não consegue odiá-lo totalmente.
É aquele vilão que faz a gente torcer pra que a autora tenha um plano de redenção guardado na manga (spoiler: ela não tinha).
Já Alina… começa a perder um pouco o brilho.
A insegurança dela, compreensível no início, vira repetição — sempre dividida entre dever, poder e, claro, o Mal (que continua sendo… o Mal).
Mesmo assim, Sol e Tormenta tem ritmo, emoção e momentos genuinamente bons.
Foi o livro que me fez pensar “ok, talvez essa trilogia vá terminar bem”.
🌑 Ruína e Ascensão — quando a luz apaga
E aí veio o terceiro livro.
E, olha… foi difícil.
Tudo o que estava prometido nos dois primeiros pareceu se perder em decisões estranhas.
O ritmo desandou, as reviravoltas pareceram apressadas, e o final foi… frustrante.
O que aconteceu com Nikolai foi simplesmente desnecessário.
Ele merecia um arco digno, não aquele destino esquisito que mais parece castigo gratuito.
O Darkling, que tinha tanto potencial pra ser um vilão complexo e trágico, acabou tendo um desfecho apático — como se a autora quisesse encerrar rápido e seguir pra outro projeto.
E a Alina, que poderia ter sido uma protagonista forte e inspiradora, tomou decisões que me deixaram pensando: por quê, menina? Por quê?
E sim, ela termina com o Mal.
O personagem mais sem graça do reino inteiro.
Foi quase como ver uma chama poderosa se apagar lentamente — e aceitar a normalidade.
✨ O que ficou
Apesar das críticas, eu ainda recomendo a trilogia.
Sombra e Ossos é ótimo, Sol e Tormenta tem momentos brilhantes, e mesmo Ruína e Ascensão (com todos os problemas) fecha o ciclo de um universo que vale a pena conhecer.
O Grishaverso é rico, visual e cheio de ideias boas.
E o melhor: se você quiser continuar nesse mundo, pode ir para Six of Crows e King of Scars, que corrigem muita coisa e mostram o quanto Leigh Bardugo amadureceu como autora.
💭 Conclusão
A Trilogia Grisha é como uma jornada de luz e sombras — cheia de magia, promessas e escolhas frustrantes.
Te envolve, te encanta e, no final, te deixa com o coração um pouquinho partido.
Mas, no fundo, é isso que boas fantasias fazem: elas mexem com a gente, mesmo quando não entregam tudo o que queríamos.